Apoio às escolas - Momento 7

Desafios de escrita em… 77 palavras

E cá vamos para mais um passo.

Estes  desafios são bastante mais livres. Deixo vários, para poderem escolher quais serão melhores para as vossas turmas. Não têm tantos constrangimentos, e é propositado ― está na hora de vermos como, tendo mais liberdade e estando já numa fase avançada do trabalho de corte e costura, conseguem fazer estes desafios.

São sobretudo ideias, metáforas, temas. Estou desejosa de receber os textos dos vossos alunos.

Um grande abraço a todos os que, este ano, embarcaram comigo nesta aventura.

Margarida Fonseca Santos

Momento 7

Desafio nº 126 – sentia-se intermitente

Vamos brincar com frases estranhas, pode ser?

A ideia é esta: algures, terá de aparecer «S/sentia-se intermitente».

Podem adaptar o tempo do verbo, sujeito e passar a plural.

Mas a frase estará lá. ☺

Eu desenvencilhei-me assim:

Se pudesse, teria ido a um médico, mas não sabia algum que o compreenderia. Nada fácil, chegar ao gabinete e dizer:

― Senhor doutor, sinto-me intermitente.

― Intermitente?!

Pois, era previsível que não funcionasse. Ainda se fosse um candeeiro de rua, têm tantas vezes esse problema… Mas assim, pessoa de carne e osso, complicava-se tudo. Ao cair da noite, apareceu-lhe um ser alado.

― Intermitente?

― Sim, muito. O que tenho?

― Espera um pouco, estás quase a vir para este lado. MFS

Exemplos:

Desde a festa do João que me sinto intermitente. Já não é só a cabeça que se afasta. Agora é a minha alma, o meu ser. Eu sabia que não devia ter experienciado… De tantos avisos que me deram e que sempre achei sem importância, fui, mesmo assim, experimentar. Porque é que lhes dei ouvidos? Devia ter ficado em casa naquele dia. Imagino a mácula que será quando falar com os meus pais. Acho que vou desligar… Gonçalo Gonçalves, 14 anos, Colégio Paulo VI – Gondomar, Prof.ª Raquel Almeida Silva

Estava um dia soalheiro e quente. Toda a gente tinha um enorme sorriso no rosto. O ambiente era alegre e divertido! Só eu estava triste, embora não soubesse porquê. Ora me sentia pesaroso ora me deixava contagiar por tal contentamento. Sentia-me… intermitente. Como costumava andar animado, toda a gente na escola estranhava o facto de eu estar assim e comentava-o pelos corredores, até mesmo os professores. O que se passava, afinal, que nem eu percebia? Ai, adolescência!...  António Vaz, 14 anos, Colégio Paulo VI – Gondomar, Prof.ª Raquel Almeida Silva

Estava no meio da ponte, e o nevoeiro intensificava! Cada vez mais denso, impedia-a de observar o voo da ave branca. Aparecia, logo desaparecia, sentia-a intermitente! Trazia a mensagem da data do regresso de seu pai. Ao aperceber-se do seu desaparecimento, o medo aumentava. Conseguiria a ave transpor o nevoeiro e encontrá-la? Até que a bruma deixou de cobrir a ponte, desvanecendo, e o recado foi surpreendentemente entregue pelo seu pai. A guerra terminara, a paz dominara! Matilde Faria, 14 anos, Colégio Paulo VI – Gondomar, Prof.ª Raquel Almeida Silva

 

Vagueando pela noite no ensurdecedor silêncio da escuridão, encontrei três homens encapuzados. Não sabia o que fazer, sentia-me intermitente. “Telefono para a polícia?”. Decidi que tinha de impedir aquele assalto. Tentei agir, lançando-me para cima dos assaltantes, mas tudo o que consegui foram duas costelas partidas e a bacia rachada. Pelo menos, a loja não foi assaltada devido à sirene da polícia. O dono da loja agradeceu e garantiu-me parafusos vitalícios, incluindo um para a minha bacia. André Moreira, 13 anos, Gondomar, prof.ª Raquel Almeida Silva

 

Desafio nº 125 – tornado no jardim

Para o desafio de hoje, tenho uma imagem para vos servir de inspiração: um tornado, pequeno, mas suficientemente forte para derrubar coisas, entra no vosso jardim.

Podem usar o «tornado» e o «jardim» como metáfora ou realidade, ou uma mistura de ambas.

Não sabia como agir, explicou, não quando o vira entrar em sua casa espumando raiva. Petúnia limitara-se a agarrar na caçadeira do falecido marido. Não para matar, para intimidar. Mas não contava com vê-lo puxar do revólver e, embriagado de fúria, tentar atingir um dos filhos, que chorava de medo. E Petúnia disparou. O homem caiu no chão, agarrado ao ombro. Tudo por causa de um ramo de nespereira que ela cortara sem autorização. Manchava-lhe a roupa… MFS

Exemplos: ainda nenhum aluno o fez…

 

Desafio nº 133 ― cair nas silvas

Caí/Caiu da estrada para um monte de silvas.

Que texto vos surge a partir desta ideia?

Pode ser metaforicamente usada, ou a sério, têm toda a liberdade.

Eu caí assim:

Não eram as silvas que a incomodavam. Preferia estar ali a ter de voltar a ver-lhes o rosto, o desdém, a mentira. A cada movimento, pior ficava. Os picos enterravam-se na sua pele sem dó. Percebeu então a metáfora da queda. Os picos, ao longo dos anos, esvaziavam-lhe a sanidade, a autoestima, a energia. Iria reagir!

Levantou-se, apesar da dor, do sangue. Aproveitou o nascer do dia para amanhecer em força. Respirou fundo. «Preparem-se», pensou. Regressava diferente. MFS

Exemplos: ainda nenhum aluno o fez…

 

Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»

Vou dar-vos duas frases, uma delas com um espaço em branco.

Chegou demasiado tarde. A/O __________________

não esperara por si.

Nesse espaço, pode estar a palavra que quiserem, por exemplo: a vida; o emprego; o amor; a oportunidade; o entusiasmo; o destino; a surpresa; etc. etc.

Que história surge começando por estas frases?

Eu escolhi «a solução»:

Chegou demasiado tarde. A solução não esperara por si. Levada pela mão de outro, para um sítio desconhecido. Embora conhecesse bem a floresta, não fazia ideia de quem se apoderara da solução. Isso seria uma moinha constante nos pensamentos. Não, a moinha era: porque se atrasara? Por puro desleixo, concluiu. Ouviu então o uivo da raposa. Caía atordoada pelo veneno. O esquilo sacudiu o terror. Compreendia tudo: atrasara-se porque a solução para a fome era verdadeiramente duvidosa. MFS

Exemplos:

O novo emprego 

Chegou demasiado tarde. O Henrique não esperara por si. No dia seguinte, foi à conferência sozinha, mas teve azar, foi assaltada e roubaram-lhe a mala onde estava a pen com o trabalho que ia apresentar. Foi à polícia apresentar queixa do roubo. Meteu a mão no bolso e encontrou a pen. Ficou muito feliz e desatou a correr que nem um foguete. Chegou à conferência, apresentou o trabalho, foi promovida a Vice-Presidente da empresa Nutella. Foi delicioso! 3º/4º B, EB de Galveias, professora Carmo Silva

Chegou demasiado tarde, a aula não esperara por si. Foi o que uma professora me disse um dia, não me apetecia ir à aula, estava na parte de trás da escola fui andando devagar até à aula, quando dei por mim estava atrasado meio bloco. Apressei-me para chegar mais rápido a aula quando lá cheguei a professora disse chegou demasiado tarde e eu fiquei preocupado com o que me ia acontecer em casa quando o meu pai soubesse que eu chegara demasiado tarde. Tomás Magalhães, 5º ano - Escola Luís António Verney

 

Desafio nº 87 – ponte, rio, cabra

Dou-vos hoje uma situação:

Inverno, um rio de corrente forte e uma ponte romana a ligar as margens. A meio da ponte, uma cabra para, hesitante.

Que história é esta?

Nota: a imagem pode ser considerada como metáfora, assim como cabra

A ponte, posta para ligar a tua margem à minha, existe mesmo, ou apenas apregoas que sim para esconder a culpa pelo inverno em que me deixaste? No momento em que soltaste esse rio de dúvidas, inundaste a minha serenidade de loucura. Quem sou, afinal? Talvez uma cabra tresmalhada, habituada a engolir tudo, apenas pensando depois, já sem hipótese de retorno, engasgada pela hesitação. Passo então para o meu lado onde, a sós, talvez recupere quem sou. MFS

Exemplos: ainda nenhum aluno o fez…

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