Apoio às escolas - Momento 1

Como começar?

1.

Vamos começar com palavras impostas. Pode parecer difícil, mas, acreditem, difícil é o «tema livre», que implica ter já muita prática para abraçar folhas brancas sem medo.

Com palavras impostas, o jogo consiste em avançar procurando que façam sentido no texto. É muito divertido e, ao mesmo tempo, um verdadeiro quebra-cabeças: as palavras não parecem ter qualquer relação entre si, mas na verdade acabam mesmo por ter!O primeiro que vos proponho é mais simples: as palavras obrigatórias têm de estar por uma ordem imposta.

Imposta?! E isso facilita?

Por muito estranho que pareça, sim… Desligamo-nos do medo de escrever, ficamos com a pontinha da língua a espreitar para ser mais simples, e embarcamos no jogo. E este tipo de jogo é essencial para podermos associar coisas mais estranhas.

Desafio nº 23 – percurso de palavras obrigatório: leitão + rolha + almofariz +despertador + bolade ténis + vespa + papel

O que vos peço hoje é que descubram qual é a história se pode contar deste percurso de palavras – respeitem a ordem, nada de batotas!!!  leitão → rolha → almofariz → despertador → bola de ténis → vespa → papel

EXEMPLOS

O senhor Leitão só resmungava – ora porque o vinho sabia a rolha, ora porque o almofariz esboroado dava mau sabor à comida. Resmungava fazendo justiça ao seu cognome: o despertador. E não era por acaso: despertava em todos a sede da vingança. Tirou o boné para dar mais ênfase à discussão, mas levou com uma bola de ténis desgovernada, onde se apegara uma vespa tresmalhada. A vespa, cumprindo o seu papel, pregou-lhe uma valente ferroada. Todos descansaram!

Margarida Fonseca Santos

 

No reino da fantasia vivia um leitão dorminhoco. Até tapava os ouvidos com uma rolha!... O almofariz tentou acordá-lo. Bateu à porta, fez barulho… Nada! Decidiu pedir ajuda ao despertador que tocou com toda a força… Nada! Chamaram, então, a bola de ténis que lhe destapou os ouvidos. 

– Acordaste, finalmente! A vespa gigante aproxima-se!

Resolveram lutar! Fizeram um avião de papel e lançaram-no… A vespa caiu e desmaiou. Ainda hoje lá estão a comer pão com melão…

Os miúdos da Armando Guerreiro – 2º BG – Linda-a-Velha, Professora Sandra Reis

 

Era de noite, e o leitão brincava com a rolha de cortiça que deslizara pelo prado abaixo, até que chocou com um almofariz e parou. De manhã, o despertador tocou e o leitão acordou, começou a correr para ir buscar a rolha. Pelo caminho tropeçou numa bola de ténis, caiu em cima de uma vespa, levantou-se magoado e continuou a correr quando, mais à frente, escorregou num papel. Pobre coitado do leitão, aleijado, não chegou à rolha!

Lia Rodrigo, 8ºC - ESEACD - Marinha Grande, professora Rosa Miranda

2.

E sem ser por ordem?

Até podemos usar muitas mais!

Que texto pode conter, pela ordem que quiserem, estas palavras?

Vá, não torçam o nariz, estão aqui 16, só faltam as outras 61 para chegar às 77 palavras!

passar

acontece

ralhar

contar

consolar

sítios

procurar

esquecer

aconselhar

connosco

atrapalhar

pacientes

frases

esquina

ombro

simples

Nota: Os verbos podem ser conjugados e podem alterar singular para plural e vice-versa, masculino para feminino e vice-versa, têm “alguma” liberdade. J

Desafio nº 34 – grelha de 16 palavras obrigatórias

Quis passar ao largo do ombro que me oferecias para me consolar. Ou seria apenas para me distraíres do que acontecera? Querias que tentasse esquecer o que de simples passara a improvável, as frases sem esquinas que se haviam transformado em atrapalhações, os sítios onde já não cabíamos. Quisemos ser pacientes, sem sucesso, arrastando assim connosco o que procurávamoscontar. Agora só nos resta ralhar, pois nunca soubemos aconselhar e não nos conhecemos o suficiente para recomeçar.

Margarida Fonseca Santos

 

Ao passar pela rua vi uma criança a chorar, tive de a consolaraconselhar. As frases que lhe disse foram muito simples.Ao virar da esquina acontece que bati com o ombro na parede, fui ao hospital, mas tinha muitos pacientes à frente. Não queria atrapalhar, fui procurar outros sítios.Fui à farmácia e vi o farmacêutico a ralhar com um menino, por este se esquecer de tomar os medicamentos.– Podem contarconnosco! – disse o farmacêutico. 

Texto coletivo – EB Veiros – 3º /4º ano, Professora Carmo Siva

 

O Pedro gostava de contar a sua vida simples, escrevendo frases. Com as suas histórias também consolava e aconselhava as pessoas, à sua maneira. Um dia, quando saiu, aconteceu que se esbarrou numa das esquinas da escola; bateu com a cabeça no ombro de um amigo. Começou a ralhar com ele, mas o outro disse-lhe, calmo: 

– Vem connosco! Vamos a uns sítios, isso passar!...

Atrapalhado, foi. Procurou esquecer aquela valente cabeçada. Pacientes, passearam, até ficarem muito cansados.

Maria Fernandes, 6º ano, 11 anos, Escola Básica N.º 2 de S. Pedro do Sul – Prof. José Soares

 

Aconteceu. Nunca te quis atrapalhar e disse-te esta simples verdade. Fiz tudo para te aconselhar quando precisasses, consolar-te e dar-te o meu ombro quando estivesses mal, ralhar-te quando te portasses mal e ser paciente para esperar pelo melhor. Não correu bem, mas sabia que podia contar contigo para fazer com que o que se passavaconnosco passasse, e sabes bem que te procuraria em todos os sítiosesquinasfrases para fazer com que nunca mais esquecesses.

Maria Luísa Barros, 15 anos, Porto

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