Apoio às escolas - Momento 3

Desafios de escrita em… 77 palavras

E já vamos para o segundo período. Primeiro que tudo, deixem-me agradecer-vos todos os textos que me têm enviado e todo o trabalho desenvolvido. Têm sido fantásticos!

Um terceiro momento de trabalho

Vamos a isto! O primeiro será este:

Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!

Desta vez, vamos juntar muitas palavras impostas.

Não tenho muitos exemplos para vos dar, este desafio tem sido pouco escolhido, mas acredito que é excelente para trabalhar os diferentes significados das palavras, para conseguir dar a volta ao texto.

Como podem ser adaptadas, zanga pode ser zangão; lamparina pode ser um estalo ou uma lamparina mágica, por exemplo; nota pode ser musical, dinheiro, anotação, verbo notar.

Enfim, é muito bom para olhar para as palavras e encontrar-lhes outras utilizações.

Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!

Hoje há 23 palavras obrigatórias!

Podem usá-las pela ordem que quiserem, e adaptá-las, mas não pode falhar uma!!!

                  

A – atrapalhação

B – bárbaro

C – crime

D – dedo

E – espicaçar

F – falido

G – grande

H – hesitação

I – impossível

J – jaguar

L – lamparina

M – místico

N – nota

O – oculto

P – primeiro

Q – quatro

R – rival

S – solidão

T – terminar

U – urso

V – varejeira

X – xaile

Z – zanga

J

Não é fácil, bem sei, mas todos adoramos um bom desafio!

Eu escrevi assim:

Não, não foi hesitação, foi atrapalhação! Aquele urso, aconchegadinho num xaile e de tosse de varejeira, chegou de jaguar e fez-me sinal com o dedo, parecia místico! Primeiro, gaguejei, depois, terminei em grande, estatelado no chão. Levei logo uma lamparina para espicaçar. Era o meu rival, o bárbaro homem que, zangado comigo, me fez perder quatro empresas! Um crime! Recuperar? Impossível! Restava-me a solidão, estava falido, ocultando-me na sua sombra. Acenou-me com uma nota, e eu cedi…

Margarida Fonseca Santos

Era uma vez um jaguar e um urso. Um não tinha quatro dedos e o outro tinha um grande xaile.

Num dia místico ocorreu um crime. Apenas se via uma lamparina. Tudo estava oculto. Era impossível ver. Respirava-se bicos de solidão. Enfim… O urso estava muito zangado com o seu rival, era uma mosca varejeira que estava falida por atrapalhação. Assim para terminar o caso era só matar a mosca bárbara e tirar nota do seu comprimento.

Sérgio Quitério, 10 anos, Escola Prof Paula Nogueira, Olhão, Prof Cândida Vieira

primeiro dia na selva ficou marcado pela solidão e por um crime bárbaro!

Fotografava quatro grandes ursos quando estes ficaram numa atrapalhação: um jaguar apareceu louco, espicaçado por uma varejeira. Após segundos de hesitação fiquei oculto atrás de um xaile. Assisti a uma horrível zanga entre os ursos e o seu rival!

Ficou escuro, acendi uma lamparina criando um ambiente místico! Olhei para a mão. Faltava-me um dedo!

IMPOSSÍVEL!

Aquilo tinha de terminar.

Nota: Safari falido

Alunos do 4ºano C - EB Ermida - S. Mamede de Infesta, Profª Luísa Gonçalves

(para os alunos da professora Luísa, podem fazer individual ou então experimentar o Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha)

O segundo, será partindo da leitura.

Neste, terão muita liberdade. É o Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Tenho feito muitas vezes o trabalho que vos descrevo a seguir, e que poderia servir de ponto de partida para o exercício.

Preparação:

Dê a cada aluno um livro de poemas, de preferência sempre diferente, ou, se forem repetidos, que estejam longe uns dos outros.

O professor pode também ter um livro na mão e escolhe um verso para dar início ao poema coletivo, que será escrito no quadro.

Depois, pedirá que os alunos procurem um verso que «encaixe» bem com aquele (esqueçam a rima, será livre).

O que acontece é tão interessante! Os alunos folheiam os livros, procurando versos, mas, de certa forma, estão a beber a escrita poética.

Vai-se construindo o poema até estar terminado. Costumo dizer que somos «ladrões de versos», pois acabamos por fazer uma manta de retalhos de muitos autores.

(Numerem os versos, é mais simples. Peçam, para esta preparação, que os alunos anotem o número do verso que escolheram e que foi aceite pela turma, e escrevam nome do autor e título do livro que têm nas mãos, para depois haver essa referência)

O resultado é muito interessante, mas o que é ainda mais surpreendente é que os alunos continuam a procurar e a ler, e começam a pedir para escreverem sozinhos. Ora, como este desafio se baseia nisso, estamos mesmo em casa! Basta que, de tudo o que ficou no quadro, escolham dois versos.

Desafio nº 35– partindo de dois versos de autor

Vamos fazer assim:

Procurem dois versos (atenção, é só 1 verso, não um poema!) de dois autores diferentes, dois autores de que gostem especialmente.

Eles serão o início e o fim do vosso texto, que pode ser em poesia ou em prosa.

Como devem calcular, depois vamos querer saber quem eram os autores dos versos originais, não se esqueçam de incluir essa informação (vejam o exemplo).

Deixo-vos aqui o meu:

A palavra não pode traduzir o que sente quem se abandona ao abandono que lhe pertence por desamparo ou convicção, ou mesmo apenas por apego, um apego que habita dentro de si e ao qual se habituou, deixando na névoa a dor, a saudade, as razões, agora sem nexo ou justificação, e deixando também uma esperança perdida numa esquina esquecida da vida, nesse lugar onde um dia, sem olhar para trás, desistiu, retirando-se enfim para o deserto.

Ana Luísa Amaral, Inversos (Março 2010) – A palavra não pode traduzir

+ Maria Teresa Maia Gonzalez, Retratos Imperfeitos (Novembro 2001) – Retirando-se enfim para o deserto

Margarida Fonseca Santos

Do seu longínquo reino cor-de-rosa, todos os dias chegava a todas as casas uma fada mágica que estava sempre disposta a ajudar as pessoas.

Um dia, durante o seu voo encantado, no meio de um jardim abandonado, viu algo brilhante a aparecer.

– Que bonita que és! O teu brilho chamou por mim… – disse a fada.

– Obrigada! Eu sou a primeira flor da primavera e agora também sou a flor mais feliz… assim por te ter tão perto!

3ºA da EB 1 Feira nº 2 de Santa Maria da Feira, professora Cátia Silva

Do seu longínquo reino cor-de-rosaA fada das crianças – Fernando Pessoa

assim por te ter tão perto!Podes ser in Sentimentos in Versos – Carlos Nuno Granja

Pelo sonho é que vamos onde queremos. Alegres e felizes perante o sol radiante e esplendoroso.

O sonho é como o sol que se esconde, mas nunca para de brilhar.

Sonhamos em acabar com a fome, a guerra e a tristeza.

Sonhamos com um mundo melhor e mais justo, onde todos tenham um emprego decente e onde todos os sonhos se poderão concretizar.

Os sonhos mágicos das crianças vão subindo para os astros como um grito puro.

Texto coletivo – EB Veiros – 3º /4º ano, professora Carmo Silva

“Pelo sonho é que vamos” – Poema “Pelo sonho é que vamos”, de Sebastião da Gama

“Subindo para os astros como um grito puro.” – Poema “Mar”, de Sophia de Mello Breyner Andresen

Eles não sabem que o sonho

é o que transforma o mundo

mesmo que seja medonho

nunca nos deixa ir ao fundo.

Eles não sabem que o sonho

é um mapa por decifrar

para encontrar o caminho

e no mar não naufragar.

Eles não sabem que o sonho

alimenta a nossa vida

e dá luz à alma

de uma forma desmedida.

Desejo pôr-te comigo a sonhar,

envolver-te na minha mente

e dizê-lo cantando a toda a gente!

Juliana Panão e Margarida Gonçalves, 12 anos, Escola Básica 2,3 do Castelo, Sesimbra, prof Carla Silva

O primeiro verso é de António Gedeão e o último de Florbela Espanca

Sonhei ter sonhado

Que eras o meu lindo namorado

Estavas sempre ao meu lado

Sempre apaixonado

Apesar de te ter muito magoado

Nunca me tinhas deixado

Ó meu bem amado

Tu que ainda não estás casado

Ó pá, casa-te comigo

Protege-me do perigo

E escuta o que eu te digo

Ó meu bem amado

Quando acordei

Nada disso era igual

Pois quando te chamei

E te gritei

Só me lembrei 

Que o meu sonho é sempre igual

Sophie Pinto, 13 anos e Jessica Gonçalves, 14 anos, Collège Pierre et Marie Curie, Section Portugaise, turma A, 8º ano, Le Pecq, França, prof. Isabel Pereira da Costa

1º verso in «Tema e variações» de Manuel Bandeira

Último verso in «Ao passar o navio» de Miguel Ângelo e Fernando Cunha

Em cima do meu telhado

Existia uma canção

E com o passar do tempo

Se tornou uma paixão.

Em cima do meu telhado –

Não pude evitar –

A paixão foi morrendo

E eu tive de aceitar.

Agora, sem minha paixão,

Morrerei sem ninguém,

Cansado,

Sem sonhos.

Mas segue a viagem

E a vida também.

Felicidade levo nas malas

Junto com coragem

E esperança – cedo!

Amanhã será novo dia!

A vida é tão bela que chega a dar medo.

Letícia Galvão, Anne, Lucas H., Lucas M., Diogo, Fabrício, Marcos Fontenele, 13 a 15 anos, 8º ano A, CEF 04 de Brasília, prof Celina Silva Pereira, Brasil

 “Em cima do meu telhado” – Mário Quintana

“A vida é tão bela que chega a dar medo.” – Mário Quintana

Não vejo nada assim, enlouquecida

Nada faz sentido a meu ver

hoje estou mesmo aborrecida

Quem me dera encontrar um sentido para o meu viver.

Recordo-me da minha infância 

Quando nada era difícil

E não havia maldade nem ganância 

Diziam que era uma menina dócil 

Mas estou disposta a mudar

Cansada estou deste maldito desprezo

Devo deitar tudo fora, nada pode ficar,

até que finalmente fechei os olhos e sonhei

e tudo era possível era só querer!

Sandrina Barbosa, 17 anos, EPE Luxemburgo, prof. Carla Simões

1º verso – Florbela Espanca; último verso – poema “E tudo era possível”, Ruy Belo.

Espero que gostem!

Um beijinho, tenham um excelente 2018

Margarida

Marcações: escolas,, margaridafonsecasantos,, #77palavras , janeiro 2018